quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Estou Relendo: "O Capital", de Marx

“A função do dinheiro como meio de pagamento envolve uma contradição. Enquanto os pagamentos se compensam, ele serve apenas idealmente de dinheiro de conta ou de medida de valores. Quando têm de ser efetuados pagamentos reais, a função do dinheiro deixa de ser a de meio de circulação, de forma transitória e intermediária de intercambio das coisas materiais, para ser a de encarnar o trabalho social, a existência independente do valor-de-troca, a mercadoria absoluta. Esta contradição manifesta-se na fase especial das crises industriais e comerciais, chamada de crise de dinheiro. Ela só ocorre onde se desenvolveram plenamente uma cadeia de pagamentos simultâneos e um sistema de liquidá-los por compensação. Havendo perturbações gerais no funcionamento desse mecanismo, seja qual for a origem delas, deixa o dinheiro súbita e diretamente a forma ideal, de conta, para virar dinheiro em espécie. Não é mais substituível por mercadorias profanas . O valor-de-uso da mercadoria não interessa mais, e o valor dela desaparece diante da forma independente de valor. Ainda há pouco, inebriado pela prosperidade e jactando-se de seu racionalismo, o burguês declarava ser o dinheiro mera ilusão. Só a mercadoria é dinheiro. Mas, agora, se proclama por toda parte: só dinheiro é mercadoria. e sua alma implora por dinheiro, a única riqueza, como o gado, na seca, brama por água. Na crise, a oposição entre a mercadoria e a forma do valor dela , o dinheiro, extrema-se numa contradição absoluta. A escassez extrema de dinheiro prossegue, tenham os pagamentos de ser feitos em ouro ou em dinheiro de crédito, em bilhetes de banco, por exemplo”.

MARX, K. O Capital: crítica da economia política. Livro 1. Vol. 1. Ed. 22. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2004, p. 164-165.

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